terça-feira, 10 de agosto de 2010

PABLO NERUDA - Confesso que viví






















Numa linda e maravilhosa viagem interior, fui a
Santiago do Chile e tive o prazer e emoção de visitar a casa, hoje museu, onde viveu o escritor e poeta Pablo Neruda, com sua terceira mulher, a amada Matilde Urrutia, com quem viveu até o fim de seus dias.
Especialmente nos aposentos em que predominavam moveis em madeira, pude sentir os cheiro deles! o perfume que exalava dos objetos. Para mim era como se ainda estivessem alí. O amor dava pra sentir no ar.Também pude apreciar os manuscritos de seus livros, especialmente de "Confesso que Viví" que é o meu preferido! Matilde era uma mulher muito bela!
Tenho uma coisa de admiração por certos escritores, não exatamente pelo seu trabalho na literatura, mas sim por uma coisa mais próxima e pessoal que é um certo estilo de vida. Isso me surpreende de tal forma que acabo me identificando, mais com as idéias, num contexto prático da vida, e não me ligo tanto no teórico. É no cheiro, no afago e no afeto que me apego a tudo nessa vida!
Em "La Chascona" casa museu, tem algo de muito especial. Pablo Neruda não podia sair muito de casa em função, primeiro de sua popularidade, segundo, estava ficando sem energia e com idade avançando. Então, em um grande e acidentado terreno, cortado por um riacho, ele mandou construir várias casas! A casa de entrada tinha uma cozinha embaixo e um bar. Na parte de cima era seu escritório, onde trabalhava, lia, escrevia! então tinha um pátio com belas árvores, um lindo mosaico de pedras de rio e um banco, onde descansava à sombra das árvores.
Numa segunda casa, cuja sala de jantar parecia um navio , com escotilhas e tudo, feito especialmente a pedido, com uma mesa de jantar mais estreita. Como se coubesse num barco. Era onde Pablo navegava com Matilde e seus amigos . E lá pelas tantas, quando já envolto em vinho... ele subia uma escada falsa que ficava atrás de uma porta que parecia um armário e no segundo andar, num pequeno quarto, dava seus cochilos. Retornava então tranquilamente para o convívio de seus convidados e amigos que muitas vezes nem percebiam!
Uma terceira construção, abrigava então a sala de estar íntimo do casal com lareira e acima, o quarto do casal. Algumas peças de roupa e toucador de Matilde ainda se encontram intactos.
As roupas de cama, em tudo dá para perceber o cheiro, a essência e a presença do casal.
Pablo então velejava assim! de um cômodo para outro, de um aposento para outro, com a comodidade de como se estivesse passeando pela cidade! que era seu próprio jardim.
Seu refúgio e sua moradia !
O nome de nascimento de Neruda era Neftali Reyes Basolato, mas em função da sua grande admiração pelo poeta Checo JAN NERUDA, passou a chamar-se Pablo Neruda.
O Chile é realmente um lugar muito especial! não lembro de ter encontrado sensibilidade maior em outro povo que tenha conhecido.
Não sei se a proximidade do mar e da cordilheira, os abalos sísmicos da terra, leva as pessoas a estreitarem laços de fraternidade e amizade, ou simplesmente conseguem reconhecer que a vida é uma breve passagem, e que deve ser, ainda que delicada, vivida intesamente! coerentemente. Onde a lealdade deve ser com o AMOR e não com países, como disse Colette em um de seus pensamentos sobre o amor: -"Acaso estaria o mundo na confusão em que se encontra se fôssemos leais para com o amor, e não para com países?"
E finalizo então com o belo trecho de Neruda , companheiro dessa linda viagem ao abençoado Chile !!!

"QUERO saber se você vem comigo a não andar e não falar.
Quero saber se ao final alcançaremos a incomunicação.
Por fim ir com alguém a ver o ar puro, a luz listrada do mar de cada dia ou um objeto terrestre.
E não ter nada que trocar.
Por fim, não introduzir mercadorias como o faziam os colonizadores
Trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo eu te dou o meu com uma condição:
NÃO nos compreender."
(Pablo Neruda nasceu em 12 julho/1904 e faleceu 23 set/1973, com 69 anos).












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