domingo, 1 de agosto de 2010

CLARICE LISPECTOR

"A CRIANÇA TEM A FANTASIA, ELA É SOLTA."
(Clarice Lispector)

Clarice Lispector nasceu em 1920, em Tchechelnik, pequena cidade da Ucrânia, e chegou ao Brasil aos dois meses de idade. Naturalizou-se brasileira posteriormente. Criou-se em Maceió e Recife, e aos 12 anos foi para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito, trabalhou como jornalista e iniciou sua carreira literária. Viveu muitos anos no exterior, casada com um diplomata brasileiro, teve dois filhos e faleceu em dezembro de 1977, do Rio de Janeiro.


Transcreverei abaixo, texto de uma de suas cartas dirigidas a uma amiga:

"Eu aqui morro de saudades de casa e do Brasil. Essa vida de "casada com Diplomata" é o primeiro destino que eu tenho. Isso não se chama viajar: viajar é ir e voltar quando se quer, é poder andar. Mas viajar como eu viajarei é ruim: é cumprir pena em vários lugares. As impressões depois de um ano num lugar terminam matando as primeiras impressões. No fim a pessoa fica "culta". Mas não é o meu gênero. A ignorância nunca me fez mal."

(do livro Clarice, de Benjamin Moser)



"LEMBRAR-SE"

"Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de "memória", como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca viví: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva".


(do livro Para Não Esquecer).

"SUA MAGIA É ESSA. ELA USA PALAVRAS COMO CÉZANNE MANIPULA SUAS TINTAS, COMO DEBUSSY ORGANIZA SUAS NOTAS E HARMONIAS: PARA TRAZER À TONA O QUE OUTRO MODO PERMANECERIA OCULTO, VELADO, SILENCIOSO."
(Benilton Bezerra JR).

E por falar em magia, transcrevo abaixo, parte de uma palestra proferida por Clarice no ano de 1975 num congresso de magia na Colômbia. Ela preparou várias versões de um discurso, mas acabou não lendo nenhuma delas. Limitou-se a uma breve introdução que mostra muito da sua relação com o mundo da criação:
(acho esse texto fantástico).

"Na verdade eu acho que nosso contato com o sobrenatural deve ser feito em silêncio e numa profunda meditação solitária. A INSPIRAÇÃO, em todas as formas de Arte, tem um toque de magia, porque a criação é uma coisa absolutamente inexplicável. Ninguém sabe nada a propósito dela. Não creio que a inspiração venha de fora para dentro, de forças sobrenaturais. Suponho que ela emerge do mais profundo "eu" de uma pessoa, do mais profundo inconsciente individual, coletivo e cósmico."

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