terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A LAGARTIXA

Mariela entrou no box do banheiro como de costume, fechou a porta, aumentou a pressão da água para regular a temperatura, pegou o sabonete e começou a esfregar primeiramente seus braços e quando subia em direção do rosto coberto com cremes de limpeza de pele, costumeiramente também, pois gosta de ter o rosto bem limpinho, para evitar acnes e o envelhecimento da pele, baixou os olhos para iniciar a higiene perfeita do restante do corpo, quando olha abruptamente para a porta do box e do lado interno emerge de sobresalto, uma lagartixa de pelo menos quinze centímetros de comprimento.
_ AHHHHAHAHHA, gritou desesperadamente, era um grito de terror que irradiou por todo o prédio.
A coluna do banheiro fica num fosso que irradia som para os andares vizinhos.
Foi pânico mesmo.
Teve que encarar a lagartixa olho no olho.
Seu grito enlouqueceu a pobre da bicha, que arregalou seus olhos esbugalhados e lançou-se para o alto em direção da vítima.
Mariela emudeceu e abriu imediatamente a porta do box do banheiro, de onde pulou pra fora do banheiro.
Atordoada, tinha vontade de sair correndo, ligar para que alguém a socorresse e tirasse a lagartixa do banheiro.
Pensou no seu Mauro, o zelador de seu prédio, que em outra ocasião já havia retirado uma lagartixa da cabeceira de sua cama, mas ele não morava no prédio e já havia terminado seu horário de trabalho.
Pensar em incomodar algum vizinho, nem pensar, só em caso de doença, e muito grave.
Tentou inutilmente ligar para seu namorado, que infelizmente estava com problemas em seu celular.
Vagava por toda a casa enrolada numa toalha branca tremendo de medo, com um tubo de veneno para matar baratas na mão, e foi inundando o box inteirinho, pelo lado de cima , na tentativa de afogar o animal.
O cheiro do veneno e o vapor da água quente, dominaram o ambiente e a danada da bichinha tentava fugir para algum lado.
Mariela a vigiava constantemente enquanto a lagartixa tomava banho quente, escaldante.
Mariela esqueceu de desligar o chuveiro, ou melhor, ficou aterrorizada e não cogitou abrir o box novamente para mexer no que quer que fosse.
Além de ter deixado um pé de sua sandália havaiana lá dentro.
Pé sim , pé não, de chinelo e de toalha enrolada pelo corpo com resquícios de sabonete, andava pela casa.
Afinal não pode concluir o banho.
Retornando de minuto em minuto para ver a lagartixa, Mariela pensou em dominar a danada, despejando sobre ela um pouco de água sanitária.
Foi mais de uma hora de tensão e desespero, não podia deixar tal animal invadir seu quarto, como já tinha feito em outra ocasião e fora salva pelo seu Mauro.
Já tarde da noite, a lagartixa tomando banho, toca o telefone.
Era o namorado de Mariela que estava a caminho.
Chegou para salvá-la. Ele vendo sua cara de pânico, jamais imaginou que fosse por causa de uma lagartixa.
No passado, Mariela morava numa cidade repleta de sapos e lagartixas, e isso fez com que ela desenvolvesse tal medo.
Quando ainda era bebê, sua mãe tentou espantar com uma toalha, uma lagartixa que passeava por um quadro na cabeceira de sua cama, quando o quadro acabou caindo na sua cabeça, abrindo um buraco na sombrancelha.
Marca esta que ficou até hoje.
Coisas da infância ficam registradas para sempre e lagartixas são grandes sobreviventes.


Martina Knoll
01/fev/2011

Um comentário:

  1. Eu odeioooo Lagartichas, ja enfrentei uma situação identica a da Mariela. Graças a Deus chamei o Augusto para dar fim na danada.
    Penso que eles devereiam inventar uns sprays para lagartichas.
    Assim viveria mais tranquila quando fosse abrir minhas sacadas.
    Adorei eua cronica...Parabéns
    Zoraide

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