segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MARIELA NO BALNEÁRIO

Desceu as escadas, do quarto andar de um imponente prédio de vinte e três andares em pleno calçadão da Avenida Central.
Aproveita a descida para fazer exercício! Gosta de cuidar da silhueta!
Sempre é tempo de se exercitar!
Uma dietinha de vez em quando e muita caminhada!
Mariela vai tomar café na padaria.
-Para que lado irei hoje? perguntou-se.
-Ah, ja sei, vou para a Avenida Brasil!.
Mariela adora a Avenida Brasil, com seu esfuziante comércio, funcionárias gentís e simpáticas!
As lindas vitrines, sempre com novidades!
As manequins nem sempre exibem a elegância das vitrines do Champs Elysés, de Montparnasse, de Saint Germain!, nem da Avenue Louise de Bruxelas, muito menos da calorosa Amsterdã, onde se compra botinas de couro, puro couro! tão macio que parece papel! e da Mango, loja de roupas esporte fashion de muito bom gosto!
No Balneário, as manequins são despojadas! cabeças para um lado, pernas para outro, e as mãos descontraídas ao longo do corpo ou do espaço.
Mas o clima alegre e festivo de muito sol e calor é acompanho de veranistas em seus shorts coloridos, chinelos cobertos de areia e sandálias rasteiras para não detonar o salto nas pedrinhas que formam o calçamento.
Edifícios gigantes cobrem o céu de um Balneário que em poucos anos não verá mais céu.
Construções marcantes e o cheiro de esgoto nas ruas, exalam odor pútrido da cerveja do dia anterior.
O doce aroma de churros e milho verde de outrora, agora é suprimido pelo aroma dos esgotos.
E o movimento de pedestres se avoluma, na medida em que se chega na Avenida Brasil.
Dois ônibus duplex, estacionam na vaga do Bondindinho.(Transporte que leva aos solavancos os moradores e turistas de ponta a ponta da praia).
Multidão de turistas se avolumam com sua bagagem e seus pertences para tomar seu lugar nos ônibus! Mariela mal consegue se movimentar na calçada abarrotada de gente, muitas malas e onde duas funcionárias (simpáticas) do comércio, lavam o vidro de uma das vitrines, com dois esfregões de cabo longo, quase atingindo os turistas e transeuntes.
Mariela avança na calçada arriscando levar uma vassourada.
-Ufa! passei por pouco, diz ela.
E segue em frente para tomar seu café na padaria Montibeller.
Um grande salão repleto de doces, pães, confeitados! onde nos fundos há um belo jardin.
Pede um sanduiche de queijo com manteiga e mortadela e um café médio com leite.
-Mais suave, diz Mariela, para a gentil funcionária, para explicar sobre o ponto do café.
Sentada em uma mesa próxima de duas jovens que conversavam alegremente, quando de repente, aparece um homem de mais ou menos trinta e cinco anos, vestindo jeans e camisa, aborda a mesa em frente à sua e a das duas moças, estorquindo um pedido de atenção por estar acometido de uma doença transmissível e alegar preconceito por parte das pessoas, intimidando assim as duas moças a lhe darem a quantia de oito reais e cincoenta centavos para completar seu medicamento.
As duas alegaram ter só dez reais e ele afirmou que lhes devolveria o troco.
Mariela presencia tudo atentamente.
Finge estar lendo o cardápio, faz uma oração, e o sujeito não consegue intimidá-la.
Enquanto ele sai imediatamente do local após conseguir uma nota de dez reais, Mariela se levanta e vai em direção da atendente comunicando a ela o ocorrido.
O homem continua caminhando em direção a porta de saída e a moça comenta que ele vem alí de vez em quando, mas não sabia qual estória ele teria contado hoje. Ele sempre conta uma estória diferente.
No mesmo momento Mariela o encara, quando, sorrateiramente, ele vira o rosto em sua direção, já na calçada, feliz, por conseguir o que pretendia!
E assim a vida segue sorrateira.
Nas calçadas, nas ruas das grande cidades!
Onde se busca o mar
Encobrindo o sol com suas altas torres de concreto
Onde as pessoas se abrigam ou atuam
Para fugir de si mesmas, ou do preconceito que lhes é inerente ou imposto.
São as águas de março em pleno verão!
Com promessas!
Muitas!
Promessas.



Martina Knoll
28/02/2011

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