quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

VENTO SUL!

Me arrumei toda para ir a um elegante jantar na casa de uma amiga querida.
Que roupa vestir? não tive dúvidas: o preto.
Minha amiga adora roupa preta.
E eu? detesto.
Não gosto de roupa preta. Nunca usei e nunca gostei.
Mas tenho lá várias peças, incluindo alguns tais "pretinhos básicos" já que todas devemos ter, não é?
Então, tirei a etiqueta que ainda estava grudada na peça, aliás, um vestidinho preto leve e macio com forro de seda, uma graça!
Visto a peça e percebo que o vestidinho ficou meio curto para mim.
Se me conheço, sei que não me sentiria bem, ao sentar, aquela peça de seda leve, subindo e mostrando minhas pernas, aliás, mostrando definitivamente um pedaço da coxa.
Então tive a idéia de procurar uma saia de crepe de seda preta com desenhos em tons de cinza leve e florzinhas em miniatura bordadas na cor prata.
Esta saia não é tão curta, ela cobre bem as pernas, caindo quase nos joelhos.
Pronto! coloco a saia embaixo do vestido, procuro a sandália rasteira baixa, cravejada de pedrinhas prateadas no pequeno salto.
Agora sim, estou realmente pronta, mas falta alguma coisa!
O brinco preto em forma de coração, cravejado de pedrinhas prateadas.
E agora?
Agora falta tudo.
Me sentí muito séria, apagada.
Falta alguma coisa!
Ah, já sei!
Vou colocar uma flor vermelha quase vinho no cabelo amarrado e puxado mais para um lado do pescoço.
Ficou bom, mas ainda não tá legal.
Pego uma echarpe rosa leve e macio da Les Lis Blanc, que ganhei da Dayse no meu último aniversário,na cor rosa envelhecido num tom único. Quase inexistente! fantástico!
A luz se abriu porque ví o meu sorriso no espelho.
Agora me gostei! me sentí bem a vontade.
Leve e solta numa roupa confortável, apesar de preta.
Pego a bolsa preta de mão com alcinha, quadriculada em tons de rosa antigo na aba, que fecha com um pequeno zíper preto. Uma graça de bolsa que a Elianny me trouxe de Nova Yorque. Muito linda, fashion e delicada!
Enrolo a echarpe dando duas voltas no pescoço e pego a sombrinha lilás de cabo comprido de madeira.
Chamo o táxi e deço para esperá-lo.
Lá fora um vento sul danado, me arrepia e acaba com o meu cabelo, apesar de amarrado, e o visual bagunçado.
Entro no taxi e reclamo para o motorista do terrível vento sul.
Quando vim morar em Floripa, eu tinha tanto medo de vento sul que parecia que ia sair voando.
Morria de medo de vento.
Um dia me perdí na cidade só por causa do tal vento sul, que foi me levando e eu o seguindo.
Um horror!
Também, naquela época eu pesava pouco mais de trinta quilos...
Mas o taxista calmamente me responde que o vento sul é bom porque limpa.
Limpa o tempo...
É mesmo, lhe respondo, tem feito tanto calor, não é?
Chego na casa da minha amiga que me recebe com um sorriso elogiando a minha sombrinha.
A ZÔ me diz: que linda sombrinha Martina, adoro gente que usa sombrinha!
E eu lhe respondo: eu também, e gosto também de gente que usa chapéu, luvas, acho esses complementos indispensáveis.
Mas acho que ela gostou mesmo foi da minha roupa preta.
Afinal, me vestí para homenageá-la.
Coincidência, ela estava com uma roupa nas cores preto e branco com uma flor vermelha no cabelo.
Coincidência: Não.
Isto é sintonia e sincronicidade.
Nós duas somos irmãs sim.
Ela diz que adora o vento sul.
Hoje cedo (depois das dez, claro) abro minha janela e sinto uma brisa fresca e leve.
Vento sul limpa o tempo mesmo!
E limpa também a alma.
O mar está tão azul! adoro o mar azul petróleo que vejo exatamente de onde estou sentada aqui escrevendo este texto.
Minha amiga sabe das coisas.
Sabe da vida.
Sabe do tempo.
Do tempo e da alma.

Martina Knoll
28/fev/2013

Um comentário:

  1. Salve Salve! O Vento Sul!
    A cor preta, o modelito chiquerrimo, a sombrinha, a flor no cabelo, o chale rosa chá.
    Salve a sua entrada triunfal, no meu apartamento, encantando e agradando as demais convidadas.
    Salve a sintonia e amizade sincera....Amém!

    Zoraide Araujo

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