quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

FELIZ ANO VELHO!

Quando ouço pessoas organizando festinhas para encontrar seus amigos do colégio, da Faculdade, etc... chego a me arrepiar. Detesto este tipo de "encontro".
Estas festas "retroativas' meu Deus! me apavoro só de pensar!
Primeiro porque não concluí a "Faculdade", logo, já não tenho esse tipo de convite.
O que já me livra de alguns preceitos.
Mas os colegas do Colégio etc e tal... esses sim, tenho aos montes!
Me arrepio só de pensar que estou fazendo cinquenta anos.
E esse tipo de "encontro" é justamente, em primeira estância, para "comparar" se você está melhor "ou "pior" do que aquela sua colega linda, que você invejava tanto.
ou aquela garota super "inteligente" em matemática, que te empurrava no recreio, e você não conseguia aprender matemática de jeito nenhum.
Enfim... não preciso marcar reunião com dia e hora para me submeter a esses tais "encontros".
Basta só dar uma voltinha no shopping Beiramar, e lá de cara você já encontra gente de todas as  décadas...
Se não me engano tem uns dois desses meus "conhecidos" antigos, que eu encontro todas as terças-feiras, com os cabelos bem brancos... no Hospital São Sebastião, fazendo aplicação de "bloqueio anestésico" para a tal capsulite adesiva no ombro, que acabei de adquirir!
Então repito! pra que fazer estas reuniões retrôs?
Só para fazer comparações incomparáveis e ainda por cima dizer quantos filhos "lindos" você teve???!
No meu caso: nenhum!
Acabo de ter meu primeiro cachorro! aliás! a cadela!  Sannabah!!!
Faculdade, já disse que não tenho! é Superior incompleto.
Meu caso com a tal Universidade não foi muito além da paixão.
Meus cabelos estão cinquenta por cento brancos! se meus cabelereiros me ouvirem saberão que estou mentindo e que a coisa já tá pra lá dos setenta por cento! ou mais. Bem mais.
Ah! também tem aquela pergunta da profissão.
 Afinal, você é "obrigada" a ter uma "profissão".
E que seja dentro dos padrões sociais, correto?
Errado.
Eu não trabalho.
"Mulher bonita só trabalha fora se quiser".
-Mas você ja é aposentada?
Também não.
-Já plantou uma árvore?
Sim, a do Lucas, bem na varanda da minha casa na Serra.
-Quem é o Lucas?
É meu sobrinho neto, filho de amigos muito queridos.
A mãe dele, a Sô é uma irmã pra mim.
-Já escreveu algum livro?
Talvez... alguns...
-Saudades daquele tempo de estudante?
Só do meu professor de português.
O Aurélio.
E da dona Méry, minha professora do terceiro ano primário!
Mas como ela tem um café delicioso em Balneário Camboriu sempre vou lá para matar as saudades e comer suas tortas! Dona Méry é uma artista.
Nesses tempos eu estava lá sentada na linda casa de chás quando ví na minha frente a Dona Méry bem jovem e linda como sempre foi.
Ela se levantou e foi em direção a porta.
Aquilo foi como uma miragem.
Na saída, dona Méry falou comigo e perguntou se eu tinha visto sua filha Cibelle sentada no café.
Eu a tinha visto sim, e não foi uma miragem! era a própria Mery encarnada na filha!
Como eram parecidas!
Voltei no tempo naquele momento.
-Mas... e do seu professor de português, por quê?
Porque ele era lindo e sabia cantar e tocar violão!
-Mas você é casada ou solteira?
Casada.
-Mas você é casada com quem?
Com o Héctor.
-O que é que faz o teu marido?
Ele me faz feliz!
ah, ele sabe cantar e tocar violão também!. Aliás, foi ele quem me falou sobre aquela coisa de mulher bonita..e trabalho..e tal..
-Mas cadê a mulher bonita?
-Nesse instante ela está lá na escola, no Rio do Sul, no colégio Maria Auxiliadora...
- Isso já faz quase meio século não é?
Eu sei.
E essa lembrança é para mim como uma tatuagem.
-Como assim..?.
É em carne viva.

martina knoll
janeiro/2013

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