segunda-feira, 27 de junho de 2011

NA PROVENCE





















Acho que encontrei o lugar! o paraíso dos meus sonhos de infância!
O lugar que sempre imaginei nos meus contos de fadas infantís!
No terreno baldio em frente a minha casa em Rio do Sul onde as abóboras floreciam,
Destacava as pétalas de florzinhas na primavera para cobrir as unhas.
Estas flores também viravam tapetes neste cenário.
Elas cobriam os barrancos de terra e o meu pé de limão virava pé de laranja lima, depois do filme.
No inverno era coberto com barba de velho e virava uma cabana.
As colchas de cama de cetim de minha mãe viravam vestes de rainha, onde a coroa era feita de cartolina com papel dourado.
Tive uma infância de princesa aliada aos filmes que assistia no cinema de meu pai.
Imaginava cestas de piquenique adornadas por toalhas xadres e muitos campos de flores.
Adorava as pequenas florzinhas do campo que nasciam livremente em todos os terrenos no entorno de minha casa.
Tinha uma que parecia uma bolinha de penugem.
Quando assoprava, suas minúsculas pétalas inundavam o ar formando uma nuvem branca.
Tinha uma azedinha que dava uma florzinha bem pequena e cor de rosa. Era uma delícia de comer!
Tudo era tão perfeito naquele tempo e aquele terreno em frente parecia tão grande.
Meu pai fez uma casinha de bonecas para mim. Ela era de madeira e tinha uma janelinha e uma porta. Nela cabiam umas 6 pessoas!(crianças).
Montei uma escolinha e alfabetizei meus dois irmãos mais novos.
Tudo o que eu aprendia na escola ensinava pra eles.
Adorava dar aulas de Inglês e Português.
Sempre gostei de ler. Na quinta-série, lí todos os livros da Laura Engalands Wildner, uma escritora americana que narra toda a saga de uma família através de sua filha mais velha. Eu me identificava muito com a narrativa e com a estória.
Era cliente assídua da biblioteca do colégio e recebia muitos elogios da irmã Bilo, no Colégio Maria Auxiliadora.
Através das leituras, do cinema e dos cenários que criava no entorno de minha casa, eu sonhei e construí um lugar exatamente assim, que acabei de conhecer recentemente:
A PROVENCE! a provence é o verdadeiro lugar dos meus sonhos!
Gosto dos castelos, dos vestígios dos aquedutos romanos, das montanhas do Luberon.
Quando cheguei em Aix en Provence e ví a montanha Saint Victorie, aquela mesma, que Cézane pintava, eu me reconhecí naquele lugar mágico!
No final da primavera e início de verão, onde o sol se põe as dez horas da noite, pude vislumbrar o frescor do mar numa aldeia provençal de nome Antibes.
Arles tem uma das mais antigas arenas romanas de todos os tempos e a cidade cheira a arte! em Avignon reconhecí uma igreja que já havia pintado. Quando iniciei na pintura, fiz uma série de igrejas, desenhadas a carvão.
Nos campos de lavanda, girassóis, trigo e nos vinhedos da Provence eu reencontrei a minha infância!
Me ví correndo naqueles bosques de Fontaine de Vaucluse, onde as águas formam cascatas sobre lagos com algas de um verde inimaginável! naqueles tecidos de algodão macios de Lourmarin, na feirinha de rua repleta de queijos, salames, ervas provençais, sabonetes, nas cestas de piquenique com toalhas de tecidos de algodão provençal!
Músicos Celtas inebriavam o lugar com sua música!
Em Bonnieux me ví parte do cenário de Peter Mayle no seu livro: Um Ano Na Provence.
Se pudesse, recomendaria a todos os meus amigos que o lessem! e que depois continuassem a leitura com: Toujours Provence! igualmente maravilhoso!
Peter Mayle me ajudou a descobrir a Provence, como Sartre me ajudou a descobrir Paris!
Duas maneiras totalmente diferentes, mas muito especiais!
Lá comí o melhor crepe de maçã da minha vida!
Tomei o melhor rosé!
Provei um cálice de Pastís!!! só Deus sabe o que o anís pode fazer por um ser humano!
O aroma adocicado dos tomates frescos, vermelhos, sempre unidos por seus cabinhos!
O aroma das lavandas, oh as lavandas com seus poderes mágicos de acalanto!
Das ervas para tempero!
Dos banhos com os sabonetes medicinais de lavanda e azeite de oliva!
Ah! os azeites de oliva, merecem um capítulo a parte.
E as flores!
Eram mesmo as da minha infância!
Disso eu tenho certeza!

Martina Knoll
Junho de 2011

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